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Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008

       A minha cabeça latejava, mas ainda assim saí da sua casa com o tempo endiabrado. Talvez a chuva me limpasse toda a porcaria que já se havia acumulado na minha cabeça naquele dia. Já havia sido demasiado fatídico para mim, ainda que não tivesse sido exposto a qualquer actividade física. Deambulei ao acaso por alguns minutos, até que decidi que era tempo de ir para casa.

 

 

 

      A estranheza da minha casa era, de certo modo, incomodativa. Era um T4, em permanente vazio. Nada ali habitava a não ser eu e os meus dois animais de estimação, que em tantos momentos de solidão abraçava, como se de algum modo oferecessem aconchego. Naquele dia, essa estranheza estava particularmente ------------, mesmo apesar de me ter habituado a não ter a presença de dois progenitores que nos convidassem a entrar em casa após um dia pior, oferecendo-se para nos prepararem uma refeição e, enquanto a tomássemos, a ouvir todos os nossos desabafos, com o seu olhar atento.

       A falta desta sensação fazia-me, por vezes, chorar, mas um menino crescido de 17 anos não se pode dar a esse luxo. Chorar faz-nos parecer frágeis e incompetentes, fracos e ---------. Mas faltava algo naquela casa, algo mais do que duas pessoas mais velhas ou outro alguém. Faltava algo que fosse capaz de cobrir a solidão que já invadia o apartamento de fora, quando que no passado a fábrica de solidão era a própria casa, e eu o seu transportador. Lá fora já não havia quem a amainasse, como no passado. Fechei as janelas e liguei bem alto as colunas, com uma lista de músicas que me transmitiam que o seu compositor sentia o mesmo que eu naquele momento, quando a compuseram, e não jantei.

publicado por Paulo Zhan às 16:25